CAPS Renascer reforça compromisso com a saúde mental, liberdade e garantia de direitos durante evento do Maio Antimanicomial
Última atualização em 30 maio 2025 às 08h05

Rafael Cintra
Com o auditório da Fraternidade Allan Kardec tomado por profissionais, estudantes, usuários da Rede de Atenção Psicossocial e representantes da comunidade, Silvânia viveu na quinta-feira, 29 de maio, um dia de conscientização e luta por uma saúde mental mais humana e inclusiva. O evento, promovido pelo Governo de Silvânia, por meio do CAPS Renascer e com apoio do Fórum Goiano de Saúde Mental, fez parte das ações do Maio Antimanicomial 2025, movimento nacional que denuncia práticas de exclusão e defende o cuidado em liberdade para pessoas em sofrimento psíquico.
Sob o tema “Luta Antimanicomial: Trancar não é tratar”, a programação contou com roda de conversa e debate, com as psicólogas Luanna Torres, Estefânia Cherulli e Isabel Mattos, de Goiânia, que trouxeram reflexões sobre os avanços da Reforma Psiquiátrica brasileira e os desafios ainda enfrentados no cotidiano dos serviços substitutivos aos antigos hospitais psiquiátricos.
Durante o debate, as especialistas destacaram a importância da Lei 10.216/2001, conhecida como Lei Paulo Delgado, que representa um marco na história da saúde mental no Brasil. A legislação estabelece diretrizes para o atendimento humanizado e determina que o tratamento das pessoas com transtornos mentais deve ocorrer, preferencialmente, em serviços comunitários, próximos da família e da realidade do paciente, garantindo seus direitos civis, sua autonomia e dignidade, proibindo as internações prolongadas e incentivando.
“A Lei Paulo Delgado é a garantia de que nunca mais aceitaremos práticas de exclusão e violência disfarçadas de tratamento. É por ela que lutamos, todos os dias, ao promover o cuidado com liberdade, dignidade e protagonismo”, destacou a psicóloga Estefânia Cherulli.
O ponto alto da manhã foi a apresentação cultural do Bloco de Percussão Desencuca, formado por usuários do CAPS AD também de Goiânia. O grupo emocionou o público com uma performance vibrante, que misturou batuques, alegria e resistência, mostrando que arte, saúde e inclusão caminham juntas.
Para Edilene Alves, coordenadora municipal do CAPS Renascer, o evento é mais que simbólico — é um ato político e de transformação social.
“Estamos aqui para dizer que trancar, excluir e silenciar não é mais aceitável. Nosso trabalho no CAPS é devolver às pessoas o direito de viver em sociedade, com acolhimento, respeito e protagonismo. A luta antimanicomial é, acima de tudo, uma luta por direitos humanos”, afirmou.
Representando o prefeito Carlos Mayer, que cumpria agenda oficial em Goiânia, a secretária de Saúde Meire Godói ressaltou o papel do poder público na consolidação de uma rede de cuidados que respeite a diversidade e a autonomia dos usuários:
“Este evento mostra o quanto Silvânia está comprometida com uma saúde mental baseada na escuta, no vínculo e na cidadania. O prefeito Carlos Mayer acompanha de perto essas ações e reafirma seu apoio às políticas públicas que garantam dignidade e inclusão para todos”, declarou.
O Maio Antimanicomial é celebrado em todo o país desde 1987, data em que trabalhadores da saúde mental se mobilizaram contra a lógica manicomial, marcada por internações compulsórias e práticas desumanas. Desde então, o movimento ganhou força e base legal, especialmente após a promulgação da Lei 10.216. Em Silvânia, o evento reafirma que essa história está viva — e sendo escrita com o compromisso de todos que acreditam em uma sociedade mais justa, inclusiva e livre de muros.